Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, nesta sexta-feira (29/04), os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, que se reuniram em assembleia plenária esta semana.
O Pontífice sublinhou que o serviço confiado à Comissão para a Tutela dos Menores deve "ser realizado com cuidado" e requer "a atenção contínua da Comissão, para que a Igreja não seja apenas um lugar seguro para os menores e um lugar de cura, mas seja totalmente confiável na promoção de seus direitos no mundo inteiro. Infelizmente, não faltam situações em que a dignidade das crianças é ameaçada, e isso deveria ser uma preocupação de todos os fiéis e de todas as pessoas de boa vontade".
Recentemente recebi uma carta de um pai, cujo filho foi abusado e, por causa disso, não saiu de seu quarto por muitos anos, marcando cotidianamente a família com as consequências do abuso. As pessoas abusadas às vezes se sentem presas entre a vida e a morte. Estas são realidades que não podemos remover, por mais dolorosas que sejam.
"O testemunho dos sobreviventes é uma ferida aberta no corpo de Cristo que é a Igreja", frisou o Papa, exortando os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores "a trabalharem diligente e corajosamente para tornar conhecidas estas feridas, buscar aqueles que sofrem por causa delas e reconhecer nestas pessoas o testemunho de nosso Salvador sofredor. Cada membro da Igreja, de acordo com seu status, é chamado a assumir a responsabilidade de prevenir os abusos e trabalhar pela justiça e cura".
A seguir, o Papa disse que com a Constituição Apostólica Praedicate Evangelium, estabeleceu formalmente a Comissão como parte da Cúria Romana, dentro do Dicastério para a Doutrina da Fé. Isso não deve colocar em risco a liberdade de pensamento e ação da Comissão ou diminuir a importância das questões por ela tratadas. "Convido-os a estarem vigilantes para que isso não aconteça", ressaltou Francisco.
O Papa pediu aos membros da Comissão para que proponham "os melhores métodos a fim de que a Igreja proteja os menores e as pessoas vulneráveis e ajude os sobreviventes a se curarem, levando em conta que a justiça e a prevenção são complementares". Um serviço que fornece "melhores práticas e procedimentos que podem ser implementados em toda a Igreja".
Francisco pediu também para que "a tutela e o cuidado das pessoas abusadas se tornem norma em todas as áreas da vida da Igreja. "Sua estreita colaboração com o Dicastério para a Doutrina da Fé e outros Dicastérios deve enriquecer seu trabalho e ele, por sua vez, enriquecer o da Cúria e das Igrejas locais. Como isso possa ser feito da maneira mais eficaz, deixo para a Comissão e o Dicastério. Trabalhando juntos, eles implementam concretamente o dever da Igreja de proteger aqueles que estão sob sua responsabilidade. Este dever se baseia na concepção da pessoa humana em sua dignidade intrínseca, com atenção especial aos mais vulneráveis. O compromisso no âmbito da Igreja universal e das Igrejas particulares concretiza o plano de proteção, cura e justiça, segundo as respectivas competências", sublinhou Francisco.
Anualmente, gostaria que vocês me preparassem um relatório sobre as iniciativas da Igreja para a proteção de menores e adultos vulneráveis. Isso pode ser difícil no início, mas peço-lhes que comecem por onde for necessário a fim de fornecer um relatório confiável sobre o que está acontecendo e o que precisa mudar, para que as autoridades competentes possam agir. Este relatório será um fator de transparência e responsabilidade e - espero - dará uma indicação clara de nosso progresso neste compromisso. Se não houver progresso, os fiéis continuarão perdendo a confiança em seus pastores, tornando cada vez mais difícil o anúncio e o testemunho do Evangelho.
Fonte: Vatican News
Camilianos - Província Camiliana Brasileira
Av. Pompéia, 888 - São Paulo/SPPolítica de Privacidade
“Que ninguém pretenda entrar no céu sem a recomendação dos doentes e dos pobres”
São Camilo